Quem não mede, não percebe os desvios, não corrige, não melhora, não gerencia, ou seja, não pode ser respeitado como um bom gestor
A GESTÃO DA LOGÍSTICA por meio de indicadores de desempenho é um método que vem sendo aplicado de forma frequente devido, por um lado, à facilidade como pode ser obtido e, por outro, aos resultados atingidos através de uma adequada utilização.
As aplicações na logística passam a ser cada vez mais importantes na medida em que esta começa a ser entendida e administrada como um importante processo empresarial, o qual normalmente não é o foco do negócio e representa até 20% dos custos, dependendo do valor agregado envolvido.
Vamos relacionar algumas dicas que podem ajudá-lo a compor seus indicadores:
1. Como medir:
Como o indicador é preferencialmente uma relação matemática, devemos cuidar para que:
- Os componentes sejam mensuráveis e fáceis de serem obtidos e as fontes conhecidas
- A metodologia de cálculo possa ser estruturada e conhecida
- A periodicidade para obtenção, cálculo e divulgação e os correspondentes responsáveis sejam conhecidos
2. Quais indicadores utilizar:
Apesar da logística ter atividades interdependentes, as mesmas são segmentadas e podem ser avaliadas individualmente:
- São relevantes? Fazem sentido? Lembre-se que indicadores em excesso geram poluição de dados!
- Representam o desempenho individual de uma determinada atividade?
- Permitem a leitura clara de tendências para manter ou melhorar o desempenho?
- Permitem a comparação ao longo do tempo, entre setores ou empresas?
- São classificados por custos (financeiros), produtividade, qualidade e tempo?
3. Como organizar os indicadores:
para evitar a poluição e/ou divulgação indevida de informações?
- Existem níveis ou hierarquias para utilização e divulgação dos indicadores?
- Estão orientados para a direção (estratégicos), gerência (táticos) e gestores (operacionais)?
- Estão organizados para medir o desempenho das principais atividades logísticas, principalmente aquelas de maior custo?
Nos próximos itens vamos dar algumas dicas sobre importantes indicadores correspondentes às principais atividades da logística.
4. Armazenagem e gestão de estoques:
Normalmente estas atividades representam os maiores componentes dos custos logísticos, conseqüentemente devem ser bem administradas e ter indicadores sobre:
- Produtividade de mão-de-obra e equipamentos;
- Ocupação dos espaços;
- Giro e cobertura de estoques;
- Custo de armazenagem (prédios, equipamentos, mão-de-obra, seguros, TI, etc);
- Custo de estoques (imobilizado e financeiro) e relação com o custo logístico total;
- Custo de operações logísticas externas;
- Avarias e obsolescência;
- Acurácia dos estoques; e
- Tempo de ciclo desde a descarga, recebimento, estocagem, separação, acumulação, expedição e carregamento.
5. Transportes:
É normalmente o segundo grupo em importância, podendo ser o primeiro em função do valor do produto e da distância, portanto, devemos ter:
- Relação entre o custo do transporte com o custo logístico total;
- Ocupação percentual dos veículos (peso, volume ou valor);
- Aproveitamento percentual dos veículos (utilizado vs disponível);
- Tempo de carga e descarga e esperas na origem e no destino;
- Gerenciamento de risco (seguro, rastreamento, escolta, etc.) em relação ao custo total de transporte;
- Percentual de avarias no transporte;
- Avaliação das transportadoras.
6. Serviços ao cliente:
Avalia o resultado de todo o esforço realizado, podendo resultar desde uma reclamação, até a perda do cliente:
- Percentual de pedidos entregues fora do prazo;
- Percentual de entregas com avarias;
- Percentual de reclamações;
- Percentual de devoluções;
- Tempo do ciclo do pedido;
- Percentual de pedidos perfeitos (prazo, qualidade, quantidade, preço).
7. Suprimentos:
Caracteriza o início das atividades da logística interna e gera fortes impactos na estocagem e gestão de estoques:
- A avaliação de suprimentos é feita com base no valor unitário de compra de cada produto ou considera os custos de armazenagem e estoques?
- E a avaliação/desenvolvimento de fornecedores?
- E os lotes de entrega equivalente em dias de cobertura de estoques?
- E o protocolo logístico?
8. Produção:
Semelhante a suprimentos gera impactos na armazenagem e gestão de estoques:
- A avaliação da produção é feita com base apenas na produtividade local (setor produtivo) e no tempo de troca de ferramenta (setup), ou leva em consideração os custos de armazenagem e estoques?
- E os lotes de produção equivalentes em dias de cobertura de estoques?
9. Embalagem e unitização:
Gera impacto na ocupação (peso e volume) no estoque e o no transporte:
- Percentual de ocupação da peça na embalagem primária e no palete e no veículo de transporte;
- Percentual de avarias devido a problemas com a embalagem.
10. Serviços de apoio (tecnologia da informação e recursos humanos):
Devem ser avaliadas pelo apoio à logística:
- O software de gestão corporativa ERP (“enterprise resources planning”, planejamento dos recursos empresariais) é adequado para desenvolver um plano de contas / controle para logística?
- Quantos e quais os aplicativos específicos de logística?
- Qual o percentual de atividades logísticas que utilizam ou são controladas por aplicativos específicos de logística?
- O RH tem o conhecimento necessário de cada atividade / profissional da logística?
- Percentual de horas de treinamento específico para as atividades logísticas.
Conclusão
Administre com base em indicadores, mostre os bons resultados, identifique os desvios, corrija os rumos e você terá percorrido um bom caminho para ser reconhecido como um gestor eficiente.
Por:
Antonio Carlos da Silva Rezende, gerente de projetos da IMAM Consultoria Ltda.